quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O beijo negro


Quando as pessoas ouvem o meu nome, elas tremem. Ao sussurrar em seus ouvidos, algo de muito ruim acontece. Beijando-lhes, um novo começo.
Vocês tem medo de mim, entretanto, nem sempre fui assim. No início era apenas uma garota assustada e desiludida da vida.
Nunca fui normal, todavi. Apesar de descender de uma família completamente tradicional, sabia da minha diferença. Nem todos conseguiam prever o futuro ou reviver o passado com tanta precisão quanto eu. Mesmo considerado uma maldição, sentia orgulho deste meu dom.
Eu e Ele.
Detestava o jeito do seu olhar fixado sobre mim. Parecia querer arrancar-me algo, cuja excência não estava disposta a dar. As pupilas, negras. O jeito, charmoso. Misterioso. Seu atrativo: uma aurea escura de medo e assombração.
Era o meu sentimento, porém, não o dos outros. Para eles, Ele era apenas um rapaz comum, com roupas da moda e sorriso intrigante.
Previ nosso encontro. Como em meu sonho, ele veio até mim. Esava no bosque, próximo à minha casa. Ele aproximou-se, e, curvando-se, apresentou-se:
_Sou Sir. Henrique Louise.
Abaixei os olhos em sinal de educação e, instintivamente, arrumei a saia do meu vestido. Não comentei? Estavamos no ano de 1342.
_Susana!
Invento agora. Não recordo-me mais do meu. Há tempos ninguém me chama pelo nome de batismo.
Começamos a conversar. Encontrava-o todos os dias. Falávamos sobre o "nada" e o "tudo" .Debatiamos filosofia e a finalidade do mundo. Certa vez, Ele comentou:
_A vida da-se pelo equilíbrio. O céu e a terra. A água e o fogo. Luz e trevas. Bem e mal.
Discordei. Os males do universo não deveriam ser bons para nada.
Ele argumentou:
_ Minha querida, dentro de nós há dois leões: um branco e outro preto. Eles brigam incansavelmente. Um não existiria sem o outro, assim como eu não existiria sem você. - sorriu.
Desfaleci.
_ O que quer dizer com isso? - meu  coração batia forte.
_ Quero dizer que está na hora de oficializar o laço que temos.
_ Está me pedindo em casamento?
_ Se assim desejar...
_ Sim. Sim, eu desejo. Eu quero. -senti a alegria mais profunda dos meus 17 anos. Abracei-o na expontaneidade. Ele poxou-me pela cintura e, segurando o meu rosto, beijou-me.
_ Encontre-me hoje, mais tarde. Teho uma surpresa para você.
Deixando-me, senti algo em minhas veias. Um calafrio. Algo de ruim. Por instantes eu vi o futuro me esperando. À noite, permaneci em meu quarto. Aflita, desejei nunca ter ,e encantado.
_ Foge de mim, minha querida? -Ele invadiu o cômodo.
_ Vá embora!
_ Não sem você, minha querida.
_ Eu não vou!
_ Você já concordou. - estava calmo.
_ Nunca disse nada! -lágrimas corriam em minha face. Estava em prantos.
_ Aceitou o pedido...
Despedacei. O presságio aconteceria.
Não houve dor. Apenas escuridão. Despertando, já era o que sou hoje.
Só, eu escrevo.
Agora, ouvi algo: "Vitória. Vitória". Lembro-me. Esta é o meu nome. "Minha Querida, tenho um trabalho para você". É Ele. O sangue treme em mim. Escuto seus passos.
Que irôina, penso. Sou Morte. Sou Vitória.
A Morte é a Vitória.
A massaneta gira.

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