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domingo, 15 de maio de 2016

Vida de Formada

 
Quando eu ainda cursava a faculdade e chorava desesperadamente pela dependência que peguei pelo 0,1 na média, eu achava que ao formar a minha vida estaria feita. O mundo me abraçaria e o cara lá do Facebook, o Mark, ia se curvar a mim dizendo que sou mesmo um ser superior.
  Porém, todavia, entretanto, agora, formada, eu tenho o que mais tinha falta, tempo. Não um tempo bom, daqueles pra descansar, mas um regado da "nadas pra fazer" e "tédio de doer". O pior de ter muito tempo é não ter vontade de fazer nada. E nem ideias para mudar isso. É aquela velha história, quanto mais você se propõe a fazer, mais você faz, e o contrário também é válido.
  Sinto saudade daquela época em que eu nem conseguiu tomar banho direito ou na lavar as minhas calcinhas e tinha que usá-las do avesso. Aquele sentimento de apesar de você estar só o bagaço da laranja fez tanta coisa útil e produtiva. É que chega uma hora que só séries e livros não te sustentam mais. Você quer criar as suas próprias histórias.
  Mas você se depara com um nada tão grande e profundo. Você sabe que é a única capaz de mudar isso. Só não sabe por onde começar.
  Fiz um balanço da minha vida, e essas férias indeterminadas estão acabando comigo. Antes eu me sentia tão especial, tão promissora, hoje sou apenas mais uma na multidão, incapaz de usar tudo que aprendi e batalhei. Meu anel de formatura, que levo como souvenir, lembra-me de quem eu fui, de tudo que passei.
  Eu não quero que apenas ele seja o elo entre mim e a pessoa que sempre gostei de ser. Quero algo mais. Eu ainda sou tudo que sempre fui. Só não sei muito bem o que fazer com isso.
  Formar não é um mar de rosas. Aliás, é como pisar na merda e abrir os dedos. Não o desencorajo a começar e terminar uma faculdade, só estou mostrando que você pode ficar na merda, e talvez até fique. Entretanto, se não fosse pela base universitária que tive, as minhas esperanças de sair dessa "situação" seriam bem menores. Afinal, a Vida é uma puta velha invejosa. Ela não vai te dar as coisas facilmente. Você vai ter que lutar, mesmo que for só com a sua preguiça, ou com o mapa da sua vida.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Don't worry, be happy.


Minha mãe costuma dizer que o que muda a nossa vida não são as grandes escolhas, e sim as pequenas. Como em um casamento, tudo começa por um simples beijo.
Pode até fazer sentido, mas nos deparamos com caminhos grandes, e eles não estão mascarades. São situações difíceis. Eles as separam de quem você é para quem você gostaria de ser.
Eles te olham e fazem caretas. Sabem o quão complicadas são.
Porém, no meio dessa atitude brincalhona, vocês se conectam. E algo esquisito acontece. Como se em toda a sua vida, suas escolhas foram feitas, mas com apenas as opções que lhe deram. Você nunca foi capaz de pegar as suas próprias alternativas. No fundo, era uma liberdade vigiada.
Sempre soube disso. Como uma marca escondida. Ninguém vê, mas quando algo acontece, você sente.
E a sensação de liberdade vai voando atrás de algo real.
Só que uma hora isso cansa. A oportunidade aparece e cabe apenas a você a apuração.
Suor frio andando pelo corpo. Noites mal dormidas. Olhos inchados. Dores de cabeça.
A autonomia nunca lhe pareceu tão cruel. Olhar para traz e relembrar seus caminhos. Olhar para frente e se deparar com uma pessoa pré-determinada, medrosa.
Você vai assumir o risco. Se conhece, sabe que se não fizer, o tédio tomaram conta de si e começará uma busca sem fim. Quer sair desse marasmo, mas já não pode mais. Sua chance se foi.
Porque a felicidade é como uma galinha. O jogo termina quando ela é cozinhada. Então precisamos de outra galinha.
E aos outros, o que resta fazer?
Torcer.



quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Churrasco dos 100 dias

Na UNESP, temos a tradição de fazer o Churrasco dos Dias. Churrasco dos 500 Dias para a formatura, dos 300, dos 100, dos 50, dos "não importa o dia, vamos beber". E vez por outra, quando estes acontecem, há uma série básica de perguntas feitas aos formandos:
"O que vai fazer quando sair daqui?"
"Está pensando em voltar pra casa?"
"Vai trabalhar no nordeste?"
"Mestrado?"
"Ah.. ainda não vai dar pra fazer a colação, ok, ok.. acontece né?"
 E agora, com essa onde de novos investimentos por ai, a maioria responde:
"Acha que vou ser empreendedor. Ser autônomo."
Então eu fico só olhando para aquele futuro profissional e pensando: "Será que ele sabe o significado da palavra 'autônomo' ?"
Porque recebemos um monte de influências e histórias de pessoas que saíram do nada e agora são donos de grandes empresas bem sucedidas. Várias palestras são criadas e expostas com esse objetivo. Criou-se uma espécie de lenda urbana empresarial. Todo mundo pode ser o que quiser. Fazer o que gosta. Ganhar dinheiro com isso.
Concordo.
Porém, uma economia não é feita apenas de gente poderosa.
E desses criadores de grandes empresas, quantos não ficaram para traz.
Lanço um desafio para os organizadores de palestras empreendedoras. Pare de falar dos bem sucedidos. Dedique-se aos fracassados.
Não para assustar os jovens profissionais, mas para mostrá-los que há várias consequências para um mesmo caminho.
Claro que eu não tenho a experiência e nem a aptidão para criticar ninguém. Eu ainda imagino o meu trabalho perfeito como algo que dure 6 horas por dia e me permita comprar um jatinho no final do mês.
Entretanto, apesar de gostar de ficção, na vida devemos colocar o pé no chão. Não porque somos pessimistas, e sim pela estratégia.
"No impossível temos menos concorrência" . Verdade. Mas para chegar lá, precisamos passar pelo possível. E é esse o problema.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Um é pouco. Dois é bom. Três é demais.

Quando eu estava prestes a me mudar para a cidade universitária onde eu moro, todas as aventuras de American Pie e aquele negócio de friendship forever fervilharam na minha mente. Como os estudantes percebem, aquilo é uma tremenda mentira.
No primeiro ano não aguentava mais a minha companheira de casa, e quando ela se foi, e uma bixete veio, eu realmente achei que as coisas mudariam.
Contudo, todavia, entretanto, uma das pessoas que eu mais me dei bem na faculdade começou a namorar, e não contente com isso, começou a ser mandada pelo namorado.
No primeiro ano de namoro dele, eu mal a via durante a semana. Ele chegava em casa de madrugada, demorava alguns minutos para refazer a mala dela, enquanto ele a esperava na sala, e ambos voltavam felizes para o apartamento dele.
Eu não tenho nada a ver com isso, claro. Porém, eles não ficavam sozinhos naquele apartamento e o companheiro de casa dele começou a se enfezar, e o que aconteceu? Ele foi embora, desmanchando toda a casa.
Com isso, eles resolveram se apossar do apartamento dela. Ou seja, ficamos algumas semanas morando em 3, e eu, morando em uma rep mista contra a minha vontade.
Ele chegou a tomar banho em casa.
Cheguei e conversei. Não foi fácil. Ela não é mais tão amiga quanto antes e ele mal olha pra mim. Fica uma situação esquisita toda a vez que estamos os três em casa. Ou mesmo só nós duas. A porta do quarto estás sempre fechada de ambas as partes e dificilmente temos assunto em comum.
Ela até decidiu mudar de apartamento. Por mim, tudo bem.
No inicio, achei meio exagero da minha parte. Eu não me importo que ele durma lá, só me importo dele viver lá. Sabe, namorados em rep femininas tem que ter em mente de que são visitas. Eles podem ficar lá o tanto de tempo que quiserem, mas no final das contas, devem sempre abaixar a tampa do banheiro.
Não tinha essa ideia tão nítida na minha mente até ontem.
Eu estava super produzida para sair com um cara. Camisa, short e salto. Quando o terceiro elemento apareceu e demorou longos segundos olhando para as minhas pernas. Ou seja, ele se acha no direito de ditar as regras na minha própria casa, torná-la um lugar onde eu não posso nem chegar e tirar o sutiã, e ainda me vem com uma paquerada dessas?
Eu vi safadeza naquele olhar. E safadeza na minha própria casa. Até as mulheres muçulmanas podem tirar o véu e se sentirem confortáveis dentro de casa, eu não?


quinta-feira, 4 de julho de 2013

Tenha dó

Poucas pessoas no mundo podem se dar ao luxo de serem convidadas para uma parceria em um blog. O meu mais novo grupo de amigas resolveu que para melhorar suas vidas precisam blogar. Até ai, eu achei muito bom o convite. Faz tempo que eu estou querendo me reunir com outros tipos de virgulístas, para aprimorar minhas técnicas e visões. E essas meninas são mais velhas, estão formando... com certeza devem ter mais experiência de vida.

Será?

Ficamos de decidir o nome do blog. É difícil, não temos um tema. Pretendemos falar de tudo e de todos. Até ai, normal. Tirando uma coisa: elas querem nomes muito dramáticos. Muito auto ajuda sabe?

Não me leve a mal, mas eu não consigo entender o tesão que as pessoas tem ultimamente pela depressão e tristeza. Ser feliz parece muito fácil e clichê, a moda é tentar contar os pulsos.

Outro dia eu conheci uma cara na Manifestação. Ambos éramos da organização. Em 3 minutos de conversa ele me contou a vida, e vendo que eu não me impressionava (desculpe, mas vida de merda eu ja tenho a minha, quer me marcar? Conta da sua infância na Europa) decidiu compartilhar o quão duro foi o momento em que largou da noiva e mergulhou em profunda depressão.

Olhei para ele. Ele queria lágrimas de tristeza? Jura? Tudo isso para se auto-aprovar? Ele tem orgulho do sofrimento? Eu entendi direito?

Se ele REALMENTE tivesse depressão, que é uma doença séria e não apenas adorno para personagens fracos, ele não falaria sobre isso com uma estranha. Ele se abriria com um amigo, um médico.

É muito drama, sente? Drama desnecessário. Pessoas que usam do drama para se satisfazerem me enojam. Agora a moda é se fazer de vítima? Ter dó é bunitim?


domingo, 16 de junho de 2013

Somos tão jovens

Um dia eu largo tudo isso. Largo pais, faculdade, estigmas sociais. Mudo para a Nigéria, Alemanha, Itália, Rússia, sempre caminhando a pé e com um caderno no bolso.
Um dia eu vou fazer o que eu quiser. Ter coragem de dizer não as coisas mais comuns na vida. E gritar um "Só se for agora" para as mais malucas. Dormir tarde porque me divertir e acordar cedo para escrever. Ser amante de quem eu gostar, e odiar quem não concorda comigo.
Um dia o mundo vai ser meu companheiro de aventura, o vento vai dançar comigo e a lua vai fotografar tudo.
Um dia, eu vou tomar coragem e dizer o que penso, esquecer dos amigos, e enlouquecer amores.
Um dia serei um espírito livre. Mas até que esse dia não chegue, vou estudar hidráulica 2 porque não está fácil para ninguém mesmo.


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Entre tapas e beijos

A engenharia me deu mais um de seus golpes. Se somar todas as minhas notas de prova não passam de 3,5. Fiquei arrasada. Acredito que se fosse só pela nota, pelo se formar em 5 anos, eu até estaria mais tranquila. Mas eu tenho um sonho. E esse sonho é tocar o puteiro na Alemanha.
Olho os editais de intercambio e choro sangue. Os malditos só querem alunos de excelência. Aqueles que não tem mais de 3 dependências e média global acima de 6. Eu tenho média global 6,2. E 5 paus muito bem tomados.
Então eu pensei em desistir. Achar um sonho mais simples, algo mais perto. Não dá, não consigo. Eu quero ser grande. Sair da média. Ir além. Quero me formar em 5 anos, viajar o mundo, namorar gente famosa. Quero ter uma franquia de livraria e quero publicar minha série de livros.
Tudo parece tão lindo, tão perfeito, tão a minha cara.
É tão difícil. A engenharia está me batendo muito. Mal consigo respirar. E a cada vestígio de que todo o meu esforço levará a nada, me magoa imensamente.
Agora, na cama, estava pensando em largar tudo, fazer letras, tirar os meus 10 em matérias de humanas e ai sim conseguir mesmo ir para o exterior. Só que começar tudo de novo? Investir em uma profissão que só Deus sabe quando vai dar dinheiro?
Então pensei em focar o meu intercambio na minha pós-graduação. Gostei da ideia. Mas será que eu só estou fazendo isso para tirar um enorme peso das minhas costas? Ou será que nada acontece mesmo por acaso?
E eu nem sei qual área escolher para o mestrado. Não sou apaixonada por engenharia, e o pior, estou pegando ódio dela. Dou murro em ponta de faca. Um tormento que não acaba. Porém, ela é que vai me proporcionar as mudanças necessárias em minha vida para chegar onde eu quero. O mestrado me dará um diferencial extraordinário. Só que a simples ideia de estudar com mais fervor e mais aprofundadamente as matérias que eu estou pegando pavor, me assusta demais.
Por outro lado, eu fico pensando: será mesmo que eu não tenho nenhum talento escondido nessa tal de engenharia? Será que eu ainda não estou para desabrochar? Assim como as vírgulas me mostraram um outro lado do meu ser, a engenharia não estaria regando mais uma de minhas caras?