sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A vida é injusta; não a minha, claro.


Outro dia eu estava voltando de um dos meus monstros. UNICAMP, para ser mais exata. Não, eu não sei se fui bem. Não, não corrigi o gabarito. E sim, nem vou corrigi-lo. Enfim, na volta, a gente foi com uma galera no ônibus. Com um pessoal com mais experiência. Uma mente mais aberta. Gênios que ninguém acredita.
Dentre estes havia um. Um que já houve antes e agora resolveu haver de novo. IÔ-IÔ, se assim posso dizer. Aquele que gosta de você, mas quando você demonstra interesse, ele desgosta de novo. E agora que você esta de boa, ele ressurgiu das profundezas.
Ahhh, mas tudo bem. Ele é bunitin, daquele estilo rock dos anos 70, e tem massa cinzenta que funciona. Abri uma exceção.
Conversa vai, conversa vêm, Ônibus andando. Então ele solta que vai para a Bahia.
_Vou trazer aquelas fitinhas para vocês. Que cor vocês querem?
Então virou aquele alvoroço no fundão do buzão. 
E eu gritei:
_Quero uma rosa! - mas ele nem ouviu. Deve ter sido a  cerveja. O pessoal zunindo no ouvido.
Foi ai que uma outra garota, metida a nerdizinho,oposto meu, tenho um jeito irritante de patricinha, diz:
PAUSA
É bom frisar: ela estava visivelmente interessada no meu iô-iô. Não a julgo. Eles faziam um belo par. Mesmo estilo. Mesma necessidade tola de mostrar a capacidade neural. Talvez até amantes das mesmas músicas.
PLAY
_Eu quero vermelha. Ela tira mau-olhado.
_Ah, é? Tira mau-olhado? Eu quero vermelha! -afirmei, todavia sem tanta ênfase compara à vez anterior.
_Você também gosta de vermelho?Vermelho é a minha cor predileta. - ele virou-se para mim.
_Fui eu que pedi vermelha - interrompeu irritada a ignorada.
_Traga para as duas. -rebati.Não olhei para ela. Fixei no meu brinquedinho.
Ele continuou, sem, aparentemente, ter percebido muita coisa:
_Quando eu era criança, eu só queria roupa vermelha. Então a minha mãe parou de me levar junto com ela. E ela aparecia com umas camiseta verdes, azuis, amarelas, e eu chorava. Eu queria a minha vermelha. 
Sorri. Que fofinho!
Pude sentir o que a ignorada pensava. Foi injusto. Eles eram muito mais compatíveis. Eu era um objeto estranho àquele mundo. O mundo deles: alternativo. E ela gostava dele. Talvez tivessem até mais papo. Mas ele estava na minha. Seja pelo meu cabelo ser mais bonito, um sorriso na hora certa. 
Ela era bonita. Só não tão menina, feminina, de certa forma frágil.
Eu percebi naquele momento o quanto ela me odiou. O quanto me xingou de fútil, mimada, patricinha de merda.Eu sei porque já passei por isso.
Porém, homem é assim, fazer o que. Fixa-se em uma. Esquece das outras, mesmo que as ausentes sejam uma melhor opção para o trio.
A vida é injusta.
Naquele dia a vida DELA foi injusta.
A minha já foi, mas hoje, ela faz jus à minhas habilidades. Otária.

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