Não foi difícil acreditar nele. Os olhos me atendiam com ternura. O beijo era doce e o jeito confirmava a nossa predestinação. Começamos pegando intimidade aos poucos. Foram gestos e abraços. Risadas. Lábio no lábio, respiração junta. A química da pelo.
Meu rosto na barba dele, seus olhos em mim. Os lábios desenhando no meu pescoço. A aproximação carinhosa.
Aquele primeiro dia foi gostoso. Ele já prestava atenção em mim a muito tempo, como o tipo de amor platônico que eu costumo ter pelos outros. Gostei de dar de cara com um verdeiro observador.
Dançamos. Conversamos. Rimos. É difícil descrever a sensação. Já dancei com outros. Já ri de outros. Nada se comparou. Talvez tenha sido o jeito que ele me tratou, a situação carente do meu momento, ou mesmo a música romântica e uma perspectiva de noite sem muitas novidades.
Ele disse do futuro, de festas, de sonhos de filhos. Um sentimento de que, se a lua sumisse, tudo sumiria.
E não é verdade? Os amores de hoje se resumem a uma boa lua no céu, nada mais. Nada de sol. Nada de dia.
Como se gostar fosse tão perigoso e proibido que deveriam acontecem apenas na escuridão da noite, no anonimato da multidão, na estranhez de um estranho.
Depois veio a falta da contato, o fingir que esqueceu. E a história vai acabando, passando devagar sem chocar, mas marcando.
Parece loucura. Escrever mensagens românticas relembrando um momento de uma vez só. A regra da vez era aproveitar momentos e seus sentimentos. E esse foi tão intenso. Não sei o que é. Não sei a onde vai e porque.
Admito que pode ser carência, falta do que fazer, de um livro para ler. Eu não sei.
Só sei do frio na barriga. Coração acelerado. Medo de perder. Medo de ganhar, de encontrar e nada acontecer; de desistir.
Há dois medos: acreditar sem nem pensar, ou desistir. Não quero desistir. Quero essas sensações a flôr da pele. Mas... mas... não quero enjugar lágrimas.
Não quero perceber, no final, que foi unilateral, que só aconteceu porque não havia nada melhor para fazer, que o amor platônico já foi pego agora passa-se para outra, que há alguém a espera, que ele é apaixonado pela melhor amiga.
Esse é o problema do amor. É como um montanha. No alto, tem uma vista incrível, o vento no rosto, o sol se pondo. Dê uma passo em falso, e você cai.
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