domingo, 31 de janeiro de 2010

Coincidências

Camila detestava coincidências. Acreditava, apenas não interagia bem com isso.Talvez nem fosse sua culpa, e nem da própria Coincidência.Afinal, Ela ajudou muita gente.Foi por culpa Dela que o príncipe encontrou o caixão da Branca de Neve quando passava pela floresta, que a Cinderela esqueceu o sapatinho de cristal e que Edward Lewis (Richard Gere) viu Vivian Ward (Julia Roberts).Entretanto, com Camila era diferente.
Foi coincidência ela ter se apaixonado pelo melhor amigo do garoto mais detestado por ela. Coincidência ele ser seu vizinho de apartamento e ouvi-la cantar no banheiro.Foi coincidência também ela só ter descoberto isso quando ele comentou no corredor.Foi coincidência ele aparecer na mesma festa em que ela manchou o vestido de menstruação e ter feito uma entrega na loja onde ela estava comprando calcinhas.E o fato dele vê-la?Coincidência!
A garota no início estranhou. “Lady Murphy” poderia estar perseguindo-a. Ou foi amaldiçoada!Descartou as duas hipóteses: realidade era bom e evitava desastres. As amigas diziam para esquecer, e sua mãe, decidiu levá-la ao psicólogo. Camila desistiu, como qualquer humana normal, deixou-se ser levada. Estava acostumada com os desfechos dos romances de aventura, mas isso era a vida real. Tinha que se contentar.
Em uma tarde, a jovem estava sozinha em casa. Ficara assistindo tevê o dia todo. Havia estudado, todavia nada anormal. Foi até o seu quarto, o motivo?Se você pode fazer nada na sala por que não se pode fazer nada em seu quarto?Passou pelo espelho da penteadeira rapidamente, porém voltou e debruçou-se no cômodo. Seu rosto estava horrível. Os cravos e espinhas decidiram desabrochar no mesmo dia. E a pele estava tão oleosa quanto um pastel de feira. Medida de Emergência!Abriu a gaveta e pegou um pequeno pote cheio de argila. Argila?O certo não seria chamar o exterminador, digo, esteticista?Sim, de fato. Entretanto, Camila tinha a preguiça nas veias, e afinal, algumas meninas recomendaram tanto a argila. Foi até a cozinha, pegou água, separou uma pouco da terra, misturou e passou no rosto. Fitou-se no espelho, estava totalmente aterrorizante, parecendo uma escultura mal-feita. Sentou-se no sofá, e ligou a tevê. Mal começou a ver “A lagoa azul” e a campainha tocou. Desesperou-se. Como assim a campainha tocava com ela com a cara desse jeito?Respirou fundo. Quem sabe não era sua mãe?Tocou de novo. Gelou.
_Camila, abre, eu sei que você esta aí. –não era a voz feminina. Viu através do olho mágico. Suas pernas tremiam, e o coração batia no ritmo de uma escola de samba. O que ele estava fazendo aqui?Por que o melhor amigo do cara que ela mais odiava resolveu bater na sua porta?
_Oi Jorge.
_Não vai vir aqui fora? –ele sorriu. Ela pausou.
_Bom, é que... bem... eu, hum... estou sem chave!
_Nossa, quer que eu chame o síndico?
_Não! –gritou – Não precisa, logo os meus pais chegam. –Nunca mentira tão bem.
_Hum... então depois a gente se fala.Tchau.
_Tchau. –ele se foi e ela escorreu pela porta, sentando no chão –Merda! –xingou baixinho.Maldita coincidência!Maldita!Tantos dias para ele vir na casa dela!Ficou parada alguns instantes, assimilando todo o episódio.Depois caiu em si, não adiantaria lamentar-se sobre a visita perdida.Foi tomar banho.A argila já estava repuxando muito a sua pele.Exatamente no momento em que a espuma tomou conta do seu corpo o telefone tocou.Primeiro ela pensou em não atender, mas e se fosse o Jorginho?Deixou o chuveiro ligado, se enrolou na toalha e saiu correndo pela casa.
_Alou?
_Camis?É a Taty, tudo bom?
_Hã... Oi Taty, tudo sim e com você?
_Também, o que vai fazer hoje?
_Nada, por quê?
_Bem, sabe aquela sorveteria nova, você não quer ir lá com a gente?Vai todo mundo.
_Sim, sim, vou sim. Que horas?
_Ah, daqui uma meia hora.
_Ok, já estou indo para lá. Beijos.
_Beijos. –e desligou. Voltou para o banheiro. Estaria morta em instantes se o volume de água desperdiçado fosse descoberto. Correu pelo corredor e levou um tombo. Escorregou indo de cara na parede. Seu queixo ficou apenas um pouco vermelho, sorte (?!). Nem ligou. Voltou para o banho. Terminou, arrumou-se, trancou a casa e saiu.
Decidiu caminhar. O Rio era perigoso, verdade, mas logo estaria junto com os amigos, que problema mais teria?Andava pela praia, gostava de sentir o vento sobre os cabelos. Quem é que não gostava?Sentiu uma coisa estranha. Virou para traz. Não viu ninguém. Apertou o passo. A sensação continuava. Andou mais rápido, e mais, e mais. Começou a correr. Havia alguém, certeza. Pararia só quando chegasse ao seu destino, e na hora voltar, pediria para alguém acompanhá-la. Correu, correu. A paisagem passava cada vez mais rápido por ela. “No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho”.Camila não viu a pedra.Foi ao chão. Jorge estava por perto (que coincidência!), e coincidência também ela estar de saia!Levantou-se ligeiramente, era necessário poupar a pouca compostura restante.
_Você esta bem?
_Huhum. –grunhiu. Ele sorriu.
_Passou pela parede? – “Putz, ele lembrou.” Pensou.
_Meus pais acabaram de chegar. –sorriu amarelo.
_Hum...tem certeza? –ela simplesmente o fitou com um olhar de “Duh!”
_Bem, eu preciso ir. Tchau. –e foi andando rápido. Seu nível de constrangimento estava no máximo. Pisou forte. Ouviu um barulho. Olhou para baixo. Não era possível!A sandália nem tinha um salto tão alto!Merda!
_Olha, eu posso ter pagar uma água de coco.
_Por que não? –deu de ombros –O dia não tem como piorar mesmo. –e foram até o quiosque mais próximo.
_Eu ouvi o seu tombo. –“Ótimo, eu estava errada.” _Esse é o resultado? –e relou de leve em seu queixo.
_Ossos do ofício. –O que mais ela poderia dizer?Eles estavam sentados em uma mesa, frente a frente.
_O para que onde queria estava lá indo em? casa? –perguntaram juntos.
_Fala você. –ela sugeriu.
_Para onde estava indo?
_Para sorveteria.Minhas amigas estava me esperando.
_Te atrapalho?Podemos ir para lá.
_Não, agora nem dá mais tempo. Mas e você, o que queria lá em casa? –ele debruçou um pouco sobre a mesa.
_Conversar. -“Com quem?”, ela pensou, todavia, perguntou outra coisa.
_A respeito de que? –sugou pelo canudinho a água de coco.
_A gente sempre se deu muito bem, não é? –“Se deu muito bem?Essa é a primeira vez que conversamos.”
_Huhum. –grunhiu. Continuava sugando pelo canudinho.
_E eu sempre te achei tão bonita, -ela engasgou –simpática, - ela arregalou os olhos –inteligente... -seu coração estava em overdose. –Como eu posso dizer?Acho que gosto de você. –Pane no sistema. Perda total. Ele bebeu rápido pelo canudinho.Era a hora dela de falar alguma coisa.Eles estavam muito próximos.
_Bom, e dá para resolver isso? –“Que pergunta mais idiota?Dava para ser mais fria?Estúpida!”
_Dá. –ele a segurou pela nuca, debruçou totalmente sobre a mesa e beijou-a.Instantes depois a mesa quebrou.E minutos depois eles estavam caminham de mãos dadas pela praia.Coincidência eles terem se encontrado, não é?Sim ou não, nada acontece por acaso.


2 comentários:

  1. Q liiindoooo Lari *---* Ameei de paixão... Dava pra fazer um livro com essa historia =D

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  2. essa história é fictícia ou real?

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