quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Embalos de sábado a noite
Esses dias atrás fui em uma boate em uma cidade perto da minha. Estava apenas eu e o meu amigo homem. Não vou mentir para você, eu estava uma gata. Ainda tinha ácido láctico no corpo, mas o salto me fez ficar muito confiante.
Chegando lá, combinei com o meu amigo homem que, se alguém perguntasse, ele era o meu irmão. Desta maneira não sairíamos daquela noite com um deficit negativo de romance. Encontrei meu primo com uns amigos também.
Treinando a minha técnica do olhar, fixei-me em um cara. Alto, moreno, corpo de rato de academia. Ele vaio falar comigo. Conversamos por horas a fio. O ratinho precisou ir ao banheiro, e assim que ele saiu de perto de mim, meu primo, que morava na cidade da boate, veio desesperado.
"Gata, esse cara é viado"
Meus olhos se esbugalharam. Tanto homem nesse mundo e um viado veio me paquerar. Como assim? Não estou desesperada o suficiente? Durante a borbulhão dos meus pensamentos só consegui olhar indignada e murmurar:
"Como assim viado??!?! "
"Eu vi ele pegando um cara semana passada."
Não tive tempo de cair para traz, porque o rato já tinha voltado. Esperei minha mente clarear um pouco. Virei para ele, e disse:
"Cara, melhor você ir para lá. Vai aproveitar a sua noite e ficar com outra garota. Você vai perder o seu tempo comigo. "
"Não, eu gostei de você. Quero ficar com você a noite toda. Quero conhecer os seus pais. "
"Você está maluco?! Vai dar uma volta. "
"Eu vou, mas promete que não vai me trair. Não fica com ninguém não. "
Olhei indignada. Como assim? Ele nem me conhece! Eu, eim!
Enfim, a noite passou e eu fui dançar na área VIP. O viado veio até mim, e começou a dançar perto de mim também. Porém, meu caro leitor, quando vi o rato se rebolando toda, decidi que era hora de partir.
Iria embora, mas o maluco veio, puxou o meu cabelo e me agarrou com força, tentando me dar um beijo. Não sei como consegui sair de lá. Um pânico subiu por entre as minhas veias. E de nada adiantou os meus anos de capoerista. Foi um milagre eu ter saído ilesa.
Atravessei o salão na correria. Meu coração batia forte, minhas mãos tremiam e meus olhos seguravam gotas.
Parei atras de um pilar para poder respirar. Queria fugir daquele lugar naquele exato momento. Eram 3:00 am. A festa mal começara. Meu irmão postiço nem a bala voltaria para casa.
Eu quis chorar. Agradeci baixinho pela solidão e anonimado criados pela multidão.
Parece coisa de filme, mas o cavalheiro veio salvar a donzela em apuros. Meu primo e um amigo silencioso apareceram.
"Prima, você esta bem? O Silencioso disse que te viu correndo. "
"Magina, estou ótima. Foi só o viado tentando me agarrar. Esse povo é tudo doido mesmo. " - e soltei um dos meus master sorrisos.
O restante da noite foi maravilhoso. Conversei horrores com o Silencioso, e percebi um certo zelo parental em relação ao meu primo.
Depois de passado o caso, contei para a minha mãe. Então ela me disse, em tom todo sério e reprovador:
"Eu te avisei! Você tem que mudar a sua imagem. Ele fez aquilo com você porque você deu a entender que queria algo com ele! "
Sorri.
Sorte da sociedade que ela não participa de nenhum tipo de juri.
O rato foi totalmente inconveniente e agora a culpa era minha? Se ele é um imaturo com os hormônios a flor da pele, e eu com isso? Ele que deveria ser castrado!
Porque, se for por esse lógica, vamos soltar todos os prisioneiros por estupros, e prender as vítimas, afinal, a imagem errada é delas!
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