Logo após o término do meu namoro, além da insistente carência e depressão do fim de um relacionamento, eu me senti entediada. Passava todas as minhas horas vagas com o indivíduo, ele era meu amor e meu melhor amigo. Por conta disso, esqueci os amigos, sejam eles de verdade ou simplesmente da convivência. Então, quanto tudo acabou, não tinha nada com o que me divertir ou ocupar a minha mente. Fazia a unha duas vezes por semana.
Decidi entrar para o grupo de Cheerleaders do meu campus. O grupo era uma merda. Tinha quatro integrantes inativas e a mais ativa se forma no final do ano. Peguei as rédias da situação. Passei a perguntar para toda alma viva que eu conhecia se não queria participar, e com essa brincadeira, consegui um design, preparador físico, e mais 3 novas membras.
Porém, as dificuldades começaram a aparecer. Não podíamos treinar nas dependências da faculdade por conta do som. Somos desvalorizadas porque, bem.. em uma faculdade de engenharia não há muitas opções de mulher, ainda mais no estilo HellCat que todo mundo espera quando falam de líder de torcidas. Pra priorar, estamos falidas.
Não temos uniforme e nem auto-estima.
Fez o que fez e conseguimos um espaço no tatame no domingo. Grátis. Os treinos ocorrem semanalmente.
Mudamos o nome. Aliás, ainda está em votação. Esperamos com isso desvincular a imagem negativa de outrora.
Fizemos uma diretoria, da qual eu sou a presidente.
Fiquei feliz com o título, me fez parecer importante, em posição de ser admirada. Mas presidente de coisa alguma não é lá muita coisa.
Tive uma idéia de mestre. Na faculdade, para se arranjar dinheiro, fazemos festa. Mas que tipo de atrativo nós teríamos?
Antes de fazer parte da equipe fui em uma festa delas. Só tinha homem. Eles vieram com a esperança de ter mulheres sexys do grupo das cheers. Erraram. Erraram e ainda ficaram putos.
Veio a jogada de mestre, a minha jogada, diga-se de passagem. Faremos um CheerIntegração, uma festa onde os grupos de cada campi da UNESP estão convidados. Dois aceitaram sem nem saber a data. E temos mais dois só esperando o Estatuto da Festa liberar o calendário.
Imagine três ônibus lotados de mulheres, uniformizadas, estacionando em um campus de engenharia. A regra é: Cheer uniformizada não paga o ingresso. E no meio da festa, elas fazem a sua apresentação. Propaganda e dinheiro em um só lugar.
Pedi para cada campi trazer alguns litros das suas bebidas tradicionais, para integrar a galera um pouco.
Precisaríamos alojar essa mulherada. Inicialmente pensei nas Reps. Elas prontamente se mostraram acolhedoras as podres garotas sem abrigo. Porém, uma ideia melhor surgiu.
Faremos um alojamento. A faculdade tem uma creche que várias vezes serviu para isso, e se não der, o ginásio de esporta da cidade tem uma estrutura prepara para acampamentos.
Fechou.
Pensamos em fazer a festa no sábado, já que um dos campi que confirmaram tinham aula a noite. Mas aí veio a questão: elas vão vir, festar e ir embora?
Não.
Preparamos um comitê de recepção para essa mulherada. Na prainha. Bateria e Mascote fazendo a cabeça de todos. Pra facilitar, veremos se a prefeitura disponibiliza ônibus. Ida e volta.
Ainda não sabemos os detalhes dessa pré-festa.
Acredito que para fazer algo na prainha eu precise de autorização da prefeitura. Mas ainda preciso ver o equipamento de som, o entretenimento dessa festa e a questão das bebidas.
E a falta de pessoal está me matando.
Para ambas as festas eu preciso de gente, e não tenho nem 10 pessoas no grupo. Comecei a apelar para a amizade e consegui mais 4 colaboradores.
Está sendo um desafio. Um desafio gostoso. Faz-me parecer empreendedora. Talvez até seja.
Hoje no treino eu fui aclamada Flyer, a minha que pula. A que fica no meio da pirâmide. É muita adrenalina ficar em pé, a dois metros do chão. Meu coração pulava forte até quando cheguei em casa.
Porém, senti prestígio. Finalmente estou me saindo bem em alguma coisa. A questão da presidência me deixou feliz, mas de ser Flyer, foi inesperado e eu percebi que me tornei diferenciada no grupo.
Realmente me sinto uma Cheer. Ouso dizer, até algo mais.
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