E para ser melhores amigos eu não exijo muito. O básico, entende? Compartilhar segredos, guardar segredos, dar opiniões sinceras.
Ontem, em meio a uma reunião íntima com dois amigos, me perguntaram se eu já havia amado de verdade. Parei.
"Só platonicamente. O Zé." -e troquei um olhar de lembrança para a minha amiga. Amiga na qual participou fielmente dos acontecimentos e desastres a respeito deste Zé. Amiga que me aconselhou e que nos apresentou. Amiga presente nas dores e conquistas.
Então essa amiga, lembrando do passado de menina, disse:
"Eu tive dois...
"O Danilo" -acrescentei triunfante da nossa intimidade.
"Sim, e o Zé." -arregalei os olhos. O meu Zé? Sim, o meu Zé. "Mas não foi bem assim, ele gostava de mim e talz. Isso foi na quarta série."
O Zé, comigo, foi na oitava. Nessa época eu e ela já éramos amigas a dois anos. E só descubro agora, depois de 10 anos, quando ela deixa escapar em uma conversa despretensiosa.
Traição é traição.
Não traição do tipo deles terem algo, mas traição do tipo dela não me contar. Dela ficar ouvindo as minhas lamúrias e ficar pensando "Na minha época...". Traição de esconder algo tão importante na minha vida. Não confiar em mim. Traição do universo também, por não deixar que a minha primeira paixão de verdade seja algo só meu. Preciso dividir até isso?
A vida é uma caixinha de surpresas. Uma pandora safada.
Fiquei totalmente sem chão com isso. Pode parecer pouco, mas para mim, não é. Isso e mais um monte de outras coisas. Amizade é você querer compartilhar a sua vida com alguém, é ter um base sincera te esperando. Agora se for cheia de receios...
Fiquei magoada, sim. Senti que fui feita de boba. Que, como sempre, fui a garotinha ingênua e manipulável. Como se ela fosse a mãe das minhas ações, fosse a víbora que sabe a verdade mas não quer falar.
E não falar para uma estranha, mas para alguém próximo de você. A família que você escolheu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Campanha: "Diga não ao anonimato! Assine o seu comentário!"