sábado, 24 de agosto de 2013

Filha da putagem




Sempre quando eu conheço um cara, e me apego a ele, eu tenho a tendência a mover rios e montanhas para nos vermos de novo e finalmente ter o meu feliz para sempre, até que o eterno se acabe e eu inicie a minha jornada de novo.

Nessas odisséias, certas filhas da putagem acontecem. Seja por desencontros de informações, falta de interesse, forças sobrenaturais.

Geralmente, eu não sou muito iluminada quanto a isso, e reajo como uma máquina mortífera vingativa do mal, vinda das profundezas do inferno para acabar com toda luz e felicidade da criatura que fez a sacanagem. Tais ações são seguidas por comentários maldosos para os meus amigas da pessoa em questão, bloqueio no bate-papo do face e uma vontade absurda de ignorar.

E eu sempre achei isso a coisa mais normal do mundo.

Não faço filha da putagem a ninguém, então, nada mais natural, que eu ignorar, xingar e amaldiçoar quem faz isso comigo.

Agora, e se desta fez, quem fez a cagada fui eu?

Eu que não avisei que não ia. Eu que esqueci de ligar. Eu que marquei para o dia seguinte.

E a pessoa, como eu sempre quis, foi quem atravessou o mar vermelho? E por fim, morreu na praia?

Nunca estamos livres dos nossos próprios julgamentos.

Sei que não fiz por mal, mas custa uma pouquinho mais de consideração?

Ainda em uma situação incapaz de ser concertada?

Agora eu fico imaginando aquele grupo de amigos, todos dando apoio total, indo só porque eles deveriam ir, comentando o quanto sacana eu fui, o quanto mancada eu fui e o quanto eu não mereço o respeito e bondade de ninguém nesta vida.

E quem será bloquiada sou eu. Quem terá a maldição na veia. Quem será o alvo de "ela é uma vagabunda. Não devia ter feito isso com você"

O pior de tudo isso? Eu sei exatamente como eles se sentem, como ele se sente. Porque já me deixaram para trás, já esqueceram de me avisar.

É bem provável que eu nunca mais fale com essa galera. Se eles me verem na rua, vão desviar.

Eles estão certos.

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