sábado, 24 de agosto de 2013

O Deus-Grego



Acabei de chegar no hotel. Aqui em Santorini são mais de nove horas da noite, enquanto no Brasil, 15 horas. Meu Deus Grego está a 3 metros de mim. Acho que já o descrevi para você. Agora ele está sem uniforme, com um Ray-Ban pendurado no pescoço e assistindo a televisão no lobby do hotel.

Todo o dia a noite ele pega o seu notebook e abusa do wi-fi, sentando em um canto distante do bar. Tenho certeza que ele nem sabe da minha paixão platônica, alias, é melhor que não saiba mesmo. Quantas pessoas não duvidariam da minha sanidade sabendo de todo o ocorrido?

Claro que de concreto, nada aconteceu. Mas na minha mente... E bom, quem precisa de situações reais quando se tem o dom de imaginar?

Decidi, finalmente, que vou fazer um personagem sobre ele. Nada grande. Um conto. Sei que só assim essa minha obsessão vai parar.

É estranho, mas desde que comecei a escrever, deposito tudo as minhas esperanças e sonhos nisso, aquilo que não acontece na minha pacata vida eu transformo em lindas histórias.

Por exemplo, este Deus Grego mesmo, ele nem sabe o meu nome e muito menos eu o dele, mas em minhas vírgulas, ele já se apaixonou por mim, demos um pega no corredor e o meu noivo escroto nem ficou sabendo. Muito melhor assim, neh? No final, eu descobri que ele é o filho do dono do hotel, e nosso casamento está marcado na primavera.

Aliás, essa parte de filho do dono... ando meio desconfiada. Há dias sempre o vejo por aqui, sem uniforme e andando para lá e para cá. Se ele só trabalha aqui, qual o motivo de ficar toda a hora no hotel? Então eu fiquei pensando, será que ele não mora no hotel? Ou veio trabalhar só nas férias? Ou é o filho do dono mesmo?

Olhando o gatinho aqui de perto, de costas para mim, vêm as dúvidas. Ele é muito lindo para ser apenas o empregado. Será que é casado? Será que tem amores? Ou é daqueles solteiros orgulhosos?

Só os deuses sabem quando anos ele tem e o quanto de mistério o envolve.

Ah... nessas horas eu queria ser daquelas mulheres que conseguem tudo que querem, cujo olhar devasta corações. Igual a Helena, de Tróia, com beleza capaz de começar guerras. Ser clamada por minha magnitude. Marcar os homens apenas com o meu andar.

Eu fico pensando se existem mesmo essas pessoas ou se só é coisa do momento, bebida, carência, ou das locuções adverbiais bem empregadas. Talvez seja culpa dos escritores do passado mesmo. O tédio os fazem aumentar as coisas, assim como eu.

Entretanto, sejamos sinceros, não é muito melhor a vida escrita do que vivida?


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