Quando desembrulhei este livro dos papeis de embrulho de natal não imaginei o quanto ele me prenderia. Sou fissurada por livros. Porém, de uns tempos para cá, tornou-se uma odisséia encontrar algum pedaço de página cujas letras saltavam com tamanha intensidade que me obrigavam a ignorar a minha bexiga e terminar o capítulo. Seja pelo fato de, com o hábito da escrita, eu me tornei chata e prepotente em relação as produções artísticas alheias, ou mesmo pela deficiência de algumas pênas por ai.
Contudo, Julieta intrigou-me por completo. Primeiro por a personagem principal e toda a trama possuírem o sobrenome de um nome que eu conheço. Imagine os meus olhos esbugalhados quando o reconheci. Uma coincidência para mim. Todavia, não há você.
Segundo, e o intereçante a você, é que o enredo caracteriza-se por misturar fatos de 1340 com a atualidade. As vidas das personagens, apesar de separadas por 600 anos, se entrelaçam com uma magnetude exorbitante.
As menções e alusões à obra mais famosa Sheakesperiana, tanto como a linguagem, que, apesar de moderna, carrega um vintage do séc. XVII, trazem a obra a um patamar superior das atuais.
Dinâmica, o romance não possui passagens de encher páginas. Contém personagens que poderiam ser encontradas nas ruas, com limitações e peculiaridades. As situações, apesar de serem ficticias, não saem por completo da realidade, levando o leitor a imaginar possivél tais acontecimentos em sua vida banal.
A linguagem, analizada por uma irmã escritora, é arrojada. Apesar dos traços modernos traz as combinações artísticas dignas de uma Academia de Letras. Há metáforas bonitas. E para os leigos, intereçados apenas no desfecho da história, ela é rapída, consiga e empolgante.
Para terminar, a autora. Gosto de pensar que ao ler-se um livro, descobre-se ai as características marcantes do seu criador. Criadores excêntricos, atormentados e vividos tendem que a sua obra seja divina e intereçante.
Anne Fortier, através de seus escritos, nos mostra sua paixão por Sheakepeare, além de seus estudos aprofundados no assunto. Ela deve ter passado anos debruçada em fragmentos antigos, tanto quanto fossem necessários para implantar em sua linguagem o estilo teatral.
Concluo propagando Julieta. Aos leigos pela sua história instigante. Aos escritores, pela sua linguagem elaborada. E parabenizo a Sra. Fortier pelo magnífico trabalho.
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